São Vicente de Paulo, o Capelão das Galeras.
Este provavelmente teria sido um filme muito mais conhecido, não fossem dois detalhes que terminaram como que por escondê-lo no fundo das locadoras. O título original francês, “Monsieur Vincent”, teria sido muito mais significativo que o da versão brasileira, que confunde o público de forma quase cômica a respeito do sentido da palavra “galera”. Fora isso, São Vicente de Paulo (1581 – 1660) é um daqueles nomes do catolicismo que todos julgam saber já um pouco e suficiente. Frequentemente associado à Sociedade de São Vicente de Paulo - SSVP, que foi fundada em 1833 sob sua inspiração, São Vicente viveu num momento conturbado tanto da história da França quanto da própria Igreja Católica. Ao lado de São Francisco de Assis e Santo Inácio de Loyola, não seria exagero algum dizer que suas vidas mudaram a Igreja Católica num momento de grande crise e decadência moral. E mudaram também o mundo.
Fora o fato de ser um filme belíssimo e muito bem produzido, não perdendo em nada para qualquer outro que tenha sido produzido na década de 40, “Monsieur Vicent” descreve a vida de São Vicente de Paulo de forma linear e convencional. No ano de 1947 receberia o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza. O fabuloso de filmes feitos a partir de elementos tão comuns é, muitas vezes, justamente o fato de expressarem tanto com tão poucos elementos. A um tal ponto que o ator principal – Pierre Fresnay – converteu-se ao catolicismo após as filmagens...
De fato, apesar do “pouco realismo” presente nos filmes da época, muitas cenas impressionam bastante. A grande miséria em que vivia a população francesa nas décadas que andecederam a Revolução Francesa, o cruel tratamento dados às crianças, a decadência moral do clero, o afastamento dos próprios católicos do conteúdo essencial do cristianismo... Beira o inacreditável a lista de coisas feitas por São Vicente de Paulo ao longo de sua vida. Como, aliás, sua própria vida: por conta da captura do navio em que viajava pelos turcos, durante alguns anos chegou a viver como escravo no norte da África. Após sua morte, algumas das instituições por ele fundadas sobrevivem no mundo, entre elas a Congregação da Missão (mais conhecidos como Lazaristas) e as Filhas da Caridade (congregação feminina muito ativa e próxima aos ideais de seu fundador).
Um belíssimo filme, para se ver e pensar. As cenas iniciais e finais, dão medida e parecem nos aproximar daquilo que parece ter sido o único motivo da vida de São Vicente de Paulo: o desejo quase incontrolável, e essencialmente cristão, de ajudar os mais fracos. Talvez tenha sido entre essas cenas que o ator principal reconheceria o profundo significado da vida de São Vicente de Paulo.
Título original: “Monsieur Vincent”.
Elenco: Pierre Fresnay, Yvonne Gaudeau, Aimé Clariond.
Direção: Maurice Cloche.
Ano: 1947.
País: França.
Duração: 100 minutos
Disponibilidade: DVD facilmente encontrado à venda ou em locadoras.
Postado por Fábio Viana Ribeiro
Hoje é Natal, data em que
comemoramos o nascimento de Jesus. Claro é uma data simbólica, pois alguns
calendários já se passaram até chegar a este que usamos hoje. Mas o que quero
aqui escrever não é sobre qual seria a data correta do nascimento de Jesus, e
sim o porquê isso aconteceu. Porque Deus do alto da sua divindade decidiu
fazer-se homem; vestir-se deste corpo frágil; sentir a separação do ventre
materno; aprender a ser criança; ser corrigido por seus pais; a trabalhar; a
sentir a dor de uma martelada no dedo; o cansaço de um dia de trabalho; uma dor
de cabeça irritante; a incompreensão de não ser compreendido; a dor da traição;
a humilhação e a maior de todas as dores a crucificação. Fico pensando qual
dessas etapas eu seria capaz de passar por meu irmão, de dizer: não esta
martelada meu irmão, eu sinto por você. Ou: esta dor de cabeça é minha, hoje
você pode descansar. 
