22 de fev. de 2012


Para Refletirmos!

“Uma educação autenticamente cristã não pode prescindir da experiência da oração. Se não se aprende a rezar em família, depois será difícil conseguir preencher este vazio. Por isso, eu gostaria de convidar-vos a redescobrir a beleza de rezar junto como família, na escola da Sagrada Família de Nazaré. E a vos tornardes assim um só coração e uma só alma, uma verdadeira família.”

(Excertos da Audiência geral do Santo Papa em 28/12/2011—Tradução: Arautos do Evangelho/ revista número 122, fevereiro 2012)

BOLO FLORIDO





Minha princesinha mais nova fez 5 aninhos neste dia 21, e este foi  o bolo que eu fiz para ela comemorar com seus  amigos na escola.

10 de fev. de 2012


Tarde  de Junho

Numa das cenas mais engraçadas do filme “Os cabeças de vento”, os integrantes de um grupo de rock que não conseguem fazer sucesso decidem que o melhor caminho seria a radicalização: iriam invadir uma emissora de rádio a fim de, finalmente, terem o espaço que o “sistema” negava-lhes. Sem grandes dificuldades invadem a emissora local e tomam posso dos microfones. Espantados pelo fato dos funcionários não terem oferecido resistência, encontram-se diante de um problema bem mais complicado: agora, que estão de posse do poder, que podem dizer o que bem quiserem, mostrar finalmente o seu trabalho, etc, agora que são eles quem estão lá, o que dizer?? E, pateticamente, ficam sem saber o que vão dizer. Depois de alguns minutos de dolorosa hesitação um deles resolve pegar o microfone e gritar a única coisa que lhe vem à cabeça: “rock’n roll!!”. E a cena termina...

O ridículo da situação lembra, de certa forma, o que acontece com a própria internet. Pela primeira vez na história qualquer mortal que tenha acesso a um computador e uma linha telefônica pode dizer o que bem quiser a literalmente todo o mundo. Não exatamente assim, é bem verdade... Desde que ele pertença à parte do mundo que possua acesso ao equipamento. Além disso, “todo o mundo” diz respeito ao mundo dos que, como ele, possuem equipamento e linha telefônica. E, por fim, que os outros tenham motivos para ler ou ver o que ele colocou na rede.

As chances disso acontecer são, como qualquer um sabe, bastante reduzidas. Por mais originais que suas ideias sejam – ou por mais que você assim as considere – colocá-las na internet por meio de um blog não significa que todas aquelas pessoas se interessem pelo assunto – para não falar das que não se interessam – irão ler o que você escreveu ou mesmo entrarão em contato ou muito menos tentarão combinar alguma “ação conjunta”. Isso pode até acontecer, é claro, mas só por uma dessas obras do acaso e da sorte. O mais provável é que as pessoas continuem a se interessar mais pelas salas de bate papo, pelas lojas virtuais, e, óbvio, por tudo aquilo que diz respeito a sexo, assunto preferido dos internautas. As estatísticas sobre as proporções destes usos “menos elevados” da rede são frequentemente divulgadas e confirmam o que estou dizendo.

Voltando então ao dilema dos integrantes de “O cavaleiro solitário” (é o nome do grupo que invade a tal emissora de rádio) o problema não parece ser o da ausência de espaços de divulgação. Qualquer um pode dizer o que bem quiser para todo o mundo. O que é completamente diferente de afirmar que poderá ser ouvido, lido, visto por todo mundo. As chances de receptividade nesse caso – óbvio, o caso de “internautas simples mortais”... – é muito próxima a daqueles pregadores de rua, que tentam converter aos gritos as pessoas que passam, indiferentes ao conteúdo de sua pregação.

Em boa parte o muito que se diz e se espera da internet tem a ver com as enormes expectativas que em relação a ela foram construídas. As especulações em relação ao futuro da rede são, quase sempre, as mais otimistas. Ou pelo menos otimistas do ponto de vista do mercado e de todos os negócios que, por essa forma, se apresentam agora viáveis ou ainda mais viáveis que antes. A vida fora do mercado, de qualquer forma, provavelmente continuará sendo como sempre foi. Os fundamentos da felicidade e da infelicidade humana não deverão ser grandemente alterados. Nunca li nada a respeito, mas imagino que, quando da invenção do telefone, a novidade que naquele momento era falar com alguém que não estava por perto e não se podia ver deve ter soado como a coisa mais estranha e impensável. E provavelmente alguém imaginou que um novo mundo e um novo tipo de relacionamento entre os homens surgia. Ninguém acha isso hoje.

Já se disse o dobro e provavelmente mais sobre as incríveis possibilidades abertas pela internet. Facilidades de serviços, de compras, de aquisição de conhecimento, facilidade de comunicação e facilidade de tudo quanto possa ser traduzido ao potencial da rede. Não preciso, portanto, acrescentar uma única linha a tudo isso. Por outro lado e pelos motivos que logo acima insinuei, é pouquíssimo frequente ver em qualquer lugar expectativas relacionadas à internet que fiquem aquém do deslumbramento e do entusiasmo.

Pode parecer estranho não querer muito numa época em que tantas coisas são oferecidas o tempo todo a tantas pessoas. Mas, ao mesmo tempo, é estranho querer tanto. Tenho pouquíssima paciência para ler, num texto longo e em letras miúdas, todas as vantagens que terei caso venha a adquirir o cartão de crédito que me chega pelo correio. Uma longa e detalhadíssima explicação cuja finalidade é demonstrar como minha vida seria mais simples com aquele cartão. A mesma vida que seria também mais simples, mais prática, mais ágil, mais alegre e feliz caso eu viesse a ter acesso a todos os cd’s do mundo, todos os filmes, todas as notícias sobre todas as coisas e sobre todos os astros do cinema e da televisão. Mas para tanto seria preciso muito dinheiro, muita paciência, muita crença de que tudo isso, de fato, é tão interessante assim... Pessoalmente prefiro outras coisas. Meus maiores planos, os mais grandiosos, os mais sofisticados e ultra rebuscados são os de, nesta tarde de junho, andar a pé por uma rua da cidade, de um bairro que pouca gente gosta, mas que me agrada muito. Vou então planejar outras coisas: um dia comprar o travesseiro de penas de ganso que vi na loja, a fotografia impossível de Audrey Hepburn em “Bonequinha de Luxo”, andar por aquela estrada da Espanha que vi no meu livro de geografia do meu irmão, o passeio inesquecível com minha mulher em Poços de Caldas. Um dia, é claro, farei, terei, voltarei a ter, ver e fazer essas coisas. Por enquanto é mais divertido apenas pensar nelas, nesta rua e nesta tarde que, para ninguém a não ser para mim, não teriam a menor importância.  




Escrito por Fábio Viana Ribeiro